terça-feira, 29 de setembro de 2009

A origem da chuva


O ano era 2006, a pesquisa de linguagem era para o espetáculo Vozes de Ngoma (ngoma = tambor em Banto). Estávamos no interior de Minas Gerais, em Mariana, no ateliê, estúdio, oficina do percursionista Magrão. E no meio de tantas invenções sonoras, tambores de todas as formas, rocas girando ondas do mar, encontramos conchas que tocadas caiam chuva.

O som era lindo e ficou guardado em um lugar qualquer da memória.

“Preciso resolver o problema da chuva da primeira cena”. Dizia Edivan Freitas em todas as nossas conversas sobre o espetáculo.

(O diálogo que segue é baseado em fatos reais)

Edivan - Bater os dedos na palma das mãos!

Nieve - Um clichê.

Edivan - Os atores podem amassar papel celofane!

Nieve - Não vai funcionar na rua.

Edivan - Pau-de-chuva você não quer?

Nieve - Corro de tambor e pau-de-chuva em teatro NA rua.

Edivan - Podemos encher umas latinhas com areia para os atores manipularem.

Nieve - Eles estarão com os objetos de cena, seria impossível fazer tudo ao mesmo tempo.

Edivan - Cloc, cloc. Podem fazer o som com a boca.

Nieve - Vamos tentar!

...

Nieve - Ficou lindo! Mas ainda é pouco, não funciona.

Edivan - E se pendurássemos alguma coisa no guarda-chuva? Eles poderiam fazer o som enquanto seguram os objetos.

Nieve - Conchas! Uma vez eu vi um instrumento de conchas...

...

“Todas as águas vão dar no mar.”
Nossas águas vieram do mar, do mar da minha memória inundada pelas Minas Gerias.



Nieve Matos

2 comentários:

Priscila Milanez disse...

Querida, vi o ensaio! Tá uma coisa linda que só!Fiquei encantada!beijos!

Ariny Bianchi disse...

Nossa, super bacana o blog!
Fiquei por dentro de boa parte do espetáculo.
Muito bem delineado, aguardo a hora de colocar a mão na massa! rs
A peça vai ser um sucesso!