domingo, 31 de janeiro de 2010
Relato de Marilda Maracci
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Dá pano pra manga
“O santo sai ou não sai? Convento de São Francisco quer saber. O santo sai ou não sai? A Igreja do Rosário quer saber...”. Provoco as costureiras cantando um trecho de uma canção da peça, devido ao pouco tempo para a execução do figurino. Sim, santo de casa faz milagre, e não por acaso o atelier da Marinez atende por Luz Divina
Naquela calorenta tarde de domingo na Praça Pereira, enquanto observo uma primeira parcial do figurino que está sendo tecido, no corpo dos atores; em movimento, um senhorzinho que assistia ao começo do ensaio perguntou-me: “Não é congada, né?” Respondi: é teatro. Ele sorriu e continuou atento às cenas que se seguiram e eu refletindo como seria possível transgredir a partir da criação artística um código já estabelecido para dar margem a outras leituras daquilo que já se sabe, do cotidiano?
O universo do figurino é recheado de mistério, assim como a vida, a arte e as pessoas. Assim sendo, também me deixo envolver por esse clima, para desenhar na pele do ator uma outra pele, uma camada de expressividade que tenha o poder de comunicar.
Na textura dos tecidos, das rendas, na paleta das cores e seus tons diversos, procuro imprimir um depoimento sobre a história encenada... Os traços dessa composição surgem de uma impressão de um dado real que escapa para o fantástico porque o cotidiano precisa ser visto de outra maneira, o corriqueiro ganha conotação de estranheza e, com uma cara nova revela a beleza que sempre esteve presente, só que agora é vista intencionalmente na cena com toda sua teatralidade.
O figurino poeticamente estilizado com traços de liberdade e imaginação que escapa ao espaço e ao tempo, permite aos atores, utilizá-lo como prolongamento de gestos e ações cênicas; e que ao decorrer do espetáculo será gradualmente reconfigurado conforme a necessidade das cenas. Dessa forma, ele ganha nova vitalidade e outras significações; através do uso que os atores fazem dele em cena. “O efeito de força e energia que o ator é capaz de manifestar é reforçado e elevado pela metamorfose do figurino em si, numa relação recíproca de troca: ator – corpo, ator – figurino, ator no figurino”.
O figurino revela-se como um composto de significados, constitui-se como um sistema de linguagem que tende a oferecer ao espectador a possibilidade de leituras e informações a respeito da personagem e o universo ao qual esta pertence. Protege o ator, dilata sua figura no espaço cênico, revela a personagem, oculta, camufla, podendo também funcionar como adereço e objeto cenográfico.
Pensar o figurino a serviço do ator e da encenação requer uma atitude de buscar compreendê-lo artisticamente. Descobrir seu potencial de significação e transformação na cena. Contribuir para o trabalho de criação do ator e da encenação, dialogando com todos os elementos de composição do espetáculo.
A criação de um figurino é um ato poético.
ANTONIO APOLINARIO.
sábado, 19 de dezembro de 2009
CIRCULAÇÃO
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Chegamos ao ponto crucial de toda criação cênica: a hora das escolhas. De escolher o que realmente cabe no espetáculo, o que compõe com a linguagem.
É nesse momento que devemos praticar o desapego, e é tão difícil. Tanta coisa boa produzida, tanta coisa experimentada, tanta coisa que gostamos, que até acreditamos, e tudo e tal.
Mas nos surgem as dúvidas.
Sem elas os espetáculos durariam dias, teria de tudo, contariam todas as histórias de cada personagem, teriam todas as músicas, todas as cenas, todas as coreografias, todos os texto escritos e improvisados. Ainda bem que surgem as dúvidas. Ainda bem que elas surgem a tempo de se encontrar respostas.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
A origem da chuva
O ano era 2006, a pesquisa de linguagem era para o espetáculo Vozes de Ngoma (ngoma = tambor em Banto). Estávamos no interior de Minas Gerais, em Mariana, no ateliê, estúdio, oficina do percursionista Magrão. E no meio de tantas invenções sonoras, tambores de todas as formas, rocas girando ondas do mar, encontramos conchas que tocadas caiam chuva.
O som era lindo e ficou guardado em um lugar qualquer da memória.
“Preciso resolver o problema da chuva da primeira cena”. Dizia Edivan Freitas em todas as nossas conversas sobre o espetáculo.
(O diálogo que segue é baseado em fatos reais)
Edivan - Bater os dedos na palma das mãos!
Nieve - Um clichê.
Edivan - Os atores podem amassar papel celofane!
Nieve - Não vai funcionar na rua.
Edivan - Pau-de-chuva você não quer?
Nieve - Corro de tambor e pau-de-chuva em teatro NA rua.
Edivan - Podemos encher umas latinhas com areia para os atores manipularem.
Nieve - Eles estarão com os objetos de cena, seria impossível fazer tudo ao mesmo tempo.
Edivan - Cloc, cloc. Podem fazer o som com a boca.
Nieve - Vamos tentar!
...
Nieve - Ficou lindo! Mas ainda é pouco, não funciona.
Edivan - E se pendurássemos alguma coisa no guarda-chuva? Eles poderiam fazer o som enquanto seguram os objetos.
Nieve - Conchas! Uma vez eu vi um instrumento de conchas...
...
“Todas as águas vão dar no mar.”
Nossas águas vieram do mar, do mar da minha memória inundada pelas Minas Gerias.
Nieve Matos
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
RELATO DO PROCESSO - VANESSA BIFFON E CLEVERSON GUERRERA
Pessoas tão distintas, artistas mais do que engajados dão o sabor à saga da ilha. Das improvisações mais entusiasmadas - energia pulsante de cada integrante ("vucu vucu") até as escolhas mais serenas.
As descobertas sonoras com a direção de Edivan Freitas também têm sido muito valiosas: a chuva que sai da boca e continua nas conchas, o cortejo brincante de sons, as latinhas e seus timbres... Experimentos! Isso sem falar nas composições inéditas para o espetáculo! A gente, canta, dança e representa! (risos)
Com os tecidos coloridos de apoio surgem as personas e também gestos, figurinos, movimentos, ações do mar...
E não podemos de deixar de lembrar da confecção dos terços, objetos sonoros e religiosos, misteriosos, que no espetáculo ganham várias conotações, da sedução, da riqueza, da fé, do exagero, do peso, do sacrifício, e quais outros mais os olhares puderem dar.
A preparação corporal, por Cleverson Guerrera, sempre cheia de alegria, ludicidade, auxilia os atores a desenharem os movimentos em cena, nas coreografias... Estas dão um tom especial ao teatro de rua, plástico, amplificam a entonação da representação!
Alguns ensaios na rua e ele de novo se mostra: o desafio da troca. Todos têm o que trocar! O que quero dar? Estou disposto a receber?
A saga continua...
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
descobrindo a roda
Às vezes é preciso desconstruir para construir. É claro que essa frase não é minha, mas é o que eu sinto agora em relação ao processo de montagem.
Desconstruir o texto em primeiro lugar. E este só pode ser reconstruído com a colaboração dos atores. Não acredito em uma dramaturgia imóvel, de gabinete. A dramaturgia tem que estar viva, servir ao espetáculo, ao contrário do que faz costumeiramente por essas bandas, o espetáculo servir a dramaturgia.
O corpo do ator deve estar disponível pra isso e os olhos e ouvidos do encenador também.
É como fazer uma rua de paralelepípedo: primeiro temos quebrar a imensa pedra, moldar os retângulos e depois vem a parte mais difícil, encaixar os blocos irregulares lado à lado, construindo o caminho até onde você quer chegar.
Saulo Ribeiro não reconhecerá mais nossa dramaturgia. Graças a Deus!!
Nieve Matos
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
sábado, 11 de julho de 2009
Integrantes de Peroás e Caramurus ganham prêmios
O Agrupamento de Artistas, junção de pessoas do projeto Peroás e Caramurus – Uma saga da Ilha, recebeu cinco prêmios em sua participação no 6° Festival de Esquetes do Espírito Santo que movimentou o teatro de Vila Velha no final de junho (2009).
O esquete No início, agora e sempre, com texto e direção de Nieve Matos, recebeu os prêmios de:
Melhor Esquete
Melhor Figurino
Melhor Direção – Nieve Matos
Melhor Ator – Waitair Souza Júnior
Melhor Cenário
Confira tudo em:
Em Movimento
Blog Teatro Capixaba